terça-feira, 9 de novembro de 2010

Pequenas coisas


Peça: Pequenas coisas
Autor: João Araújo e Verônica Gerchman
Direção: João Araújo
Grupo: Morpheus Teatro
Cidade: São Paulo – SP
Local: Cine-Teatro Ópera – auditório B
Data e horário: 08/11 – 22h
Duração: 55 minutos
Classificação: adultos e jovens

A arte de manipular bonecos é não manipulá-los, e sim deixar ser visto pelos olhos do objeto que se torna um ser. E foi assim que o Grupo Morpheus de Teatro, de São Paulo – SP, conseguiu sensibilizar a plateia, quase cheia, do auditório B do Cine-Teatro Ópera na noite de segunda-feira, 08. Cinco cenas, com cinco tipos de bonecos e dois criadores (contando ainda com a participação de mais um ator em uma das cenas). Misturado o riso ingênuo e a sensibilidade fina, foi a melhor peça de teatro de bonecos que já vi (e que, segundo a atriz Verônica Gerchman, concorre no quesito ‘sensibilidade’ com o espetáculo que a mesma trupe apresentará hoje, às 22h, no auditório B do Ópera – O princípio do espanto).

Os manipuladores conversavam indiretamente com seus bonecos e, aos olhos do público, via-se todos os sentimentos dos bonecos sendo transpassados para os manipuladores, em um jogo de troca emocional entre criador e criatura, surgindo um ser vivo no boneco. O ‘terceiro elemento’, como alguém disse no debate, após a peça.

E esse terceiro elemento é que estava em cena, no palco, sensibilizando a plateia. Lágrimas de choro com lágrimas de riso, se misturando no rosto do público. O maestro em seu último espetáculo, regendo a plateia. Um jovem e um velho, onde o primeiro precisa do abraço do outro, que é todo envergonhado. Um casal de velhos que vivem uma cena com uma comédia ingênua, com o senhor lembrando um tipo também ingênuo. Uma mãe preocupada que espera a filha, despreocupada, e sabe que ela irá atrasar, enquanto fica ensaiando como dizer que está muito doente. E, por fim, o fim. O fim da vida de um senhor, o pai da atriz, em um leito de hospital. A imaginação de sua alma se despedindo de seu corpo, enquanto a filha chora. E o choro não é ficção. É real. Assim como todo o espetáculo.

Nota: 9,5
Crítico: Eduardo Godoy
Foto: Eduardo Godoy/Lente Quente

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