quarta-feira, 30 de junho de 2010

No caminho para o mundo



Antônio Altvater


Olhos se apagam/ Diante da chama/ Que queima nos ventos do sul.
Pássaros cobrem/ Um céu de dilemas/ Espelhos refletem o azul.

Meu Pai/ Estou no caminho pro mundo
Meu pai/ Estou no caminho pro mundo

As rodas cortaram/ O asfalto cinzento/ Com marcas que o tempo apagou


O amor vai morrendo/ Em cada janela/ Eu fecho a cortina pra dor

Oh mãe/ Estou no caminho pro mundo
Oh mãe/ Estou no caminho pro mundo

Pássaros voam e cantam comigo...


Letra e música: Antônio Altvater
http://recantodasletras.uol.com.br/autores/antonioaltvater
http://sessaosonora.blogspot.com/

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Reticências



Você já parou para pensar quantas coisas estão acontecendo nesse momento em que lê isso? Uma criança está nascendo, uma pessoa está morrendo, alguém acabou de ser atropelado, um casal está transando, crianças estão estudando, um filme está sendo gravado, um patrão está demitindo, o jornal está sendo impresso, em algum lugar está chovendo, em outro fazendo muito sol, outro ainda a lua cheia toma conta da noite, um tiro foi disparado neste momento, o lápis quebrou, uma flor murchou, caiu um copo, alguém experimentou um prato novo, amigos se reencontraram, uma foto foi tirada, um carro bateu numa árvore, a luz queimou, uma árvore foi derrubada, alguém está escrevendo em um blog, outro alguém está lendo.

Infinitas coisas acontecem a todo o momento. Já dizia, corretíssimo, o mestre Cazuza: "O tempo não para". Parafraseando, o mundo não para. O silêncio que toma conta da noite lá fora é infinito. Agora aqui, daqui a pouco ali, depois lá e de volta aqui. Assim é também com nosso dia, consequentemente. Nada para. Mais um mistério da vida, que não admite um pause ou que fique no modo stand by.

O relógio continua girando, sem parar. E o mundo vai se transformando. Esta mutação constante é resultado da insatisfação humana, da necessidade de ação, da busca pelo ideal e da felicidade (e sem entrar na questão do processo capitalista para não gerar mais discussão, que não é a função deste texto). E a felicidade nunca vai chegar completamente. Não sou pessimista não! Você já viu alguém parar na vida porque encontrou a felicidade total? Certamente a resposta é não. Vivemos buscando sempre algo novo que achamos que satisfará nossa necessidade. Quando conseguimos, dizemos que estamos felizes, porém sempre falta algo ou aquela sensação passa rápido. E lá vamos nós de novo... Isso se repete inúmeras vezes ao longo de nossa vida biológica, impreterivelmente.

É isso que faz a roda-gigante da vida girar. E é bom! Assim não desanimamos (na maioria das vezes, claro) e estamos sempre na práxis. O relógio não parou. Aliás, quanta coisa aconteceu nesses minutos que você parou para ler?


Crédito da foto: disponível em http://maribraga.wordpress.com

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Cotidiano anestésico



A sucessão de dias atarefados, tão culpada por ser a causa de nosso stress e mau humor, também é a responsável por nossa profunda indiferença a certas ocasiões rotineiras e que mostram o grau de nossa apatia a degradante situação de alguns seres humanos.

Poucos percebem e se importam com isto, mas nas calçadas da maioria dos grandes centros urbanos existem pessoas deixadas a mercê da sorte após uma desintegração familiar, problemas com drogas ou simplesmente desentendimentos domésticos que não foram resolvidos e o destino destes cidadãos foi a rua. Às vezes nossa percepção de tais fatos e situações está tão alienada que torna estas pessoas elementos integrantes a paisagem cinzenta da “selva de pedra” e o cotidiano por elas enfrentado faz com que percam a dignidade e até mesmo se esqueçam de quem realmente são.

Esta humilhante situação é demasiadamente ultrajada pelo martírio do uso de drogas, condição recorrente a grande parte dos moradores de rua e que, em certo ponto, potencializa a criminalidade nos grandes centros. Esta situação poderia ser facilmente questionada por um discurso individualista e até certo ponto preconceituoso e determinista de uma gama da sociedade brasileira, de que tais cidadãos estão lá por vontade própria e que se chegaram até o fundo do poço foi por falta de mérito, dirigindo-se assim para a questão da meritocracia.

Enfim, os discursos podem ser variados e os “achismos” constantes, mas ambos voláteis demais para uma explicação racional de tal situação e pior, de nossa indiferença perante ela. Uma direção para tal resposta pode ser a avidez com que nossa sociedade engole as pessoas que não se adéquam a suas regras estanques e seus preceitos aniquiladores. Os marginalizados neste processo podem ter este caminho, ainda mais provável se não forem de família abastada financeiramente.

Os responsáveis assinalados por tal martírio dos marginalizados podem ser vários, dentre eles o Estado, Família e até eles mesmos, os próprios moradores de rua. Porém, fato é que estas pessoas - que tem sentimentos e dignidade como nós, ainda que estes estejam perdidos em meio a tanto sofrimento e desilusão, estão à margem do convívio social, das tecnologias de que o homem faz uso, do bel prazer da vida e tudo que tem ao seu alcance são as frias calçadas, drogas e uns litros da bebida alcoólica mais barata.


Texto de Afonso Verner - @afonsoverner
Foto: Agência Brasil, em http://www.portalibahia.com.br/falabahia/?p=17097

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Silêncio, o jogo começou.



E chega mais uma Copa do Mundo da FIFA. Bandeiras verde-amarelas por todos os lados, lojas tematizadas com futebol, ruas pintadas, pessoas tentando decorar o Hino Nacional, imprensa recheada de pautas da África do Sul, da Seleção Brasileira, do ufanismo demasiado e tudo mais o que tem direito. E o patriotismo surge como se hibernasse desde 2006 nas gavetas da maioria dos brasileiros.

É impressionante ver como o sentimento de "ser brasileiro" se aflora em época de Copa. E assim acontece de quatro em quatro anos religiosamente (ou melhor: “futebolisticamente”). Milhões de pessoas param em frente a uma televisão para externar o amor à pátria, à Seleção Brasileira. As ruas ficam vazias durante os jogos do time deste país tupiniquim, funcionários são dispensados facilmente de suas funções (em paradoxo com a dificuldade de conseguir folga para ir ao médico, acompanhar um filho em uma reunião escolar, resolver problemas burocráticos, etc.) e até quem não gosta do esporte vira fanático durante os 90 minutos. Na quarta-feira, 16, o deputado estadual Antônio Belinatti (PP), em pronunciamento na Assembleia Legislativa, disse ser “uma atitude desumana e anti-patriota dos diretores do Mercadorama, que não dispensaram os funcionários. Os caixas tiveram que ver o jogo em uma telinha apertada e não dava nem pra enxergar a bola!”.

Mas por que ser patriota somente por um período de um ou dois meses e só em uma área (o futebol)? O Brasil ganhando ou não, quando a Copa acabar, em julho, as bandeiras vão sumir, o grito de brasilidade sufocar, o povo voltará a falar mal do país e da política e o Hino... bom, o Hino ainda não deu para aprender bem, mas em 2014 estará afinadíssimo! Ninguém reclama das partidas e da grande cobertura da imprensa, mas será visível a irritação do povo com o Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral para as Eleições 2010. A partir de julho (espera-se) os grandes meios de comunicação de massa voltarão a dar o espaço devido para falar do maior desastre ecológico da história dos Estados Unidos, o derramamento de até 9,5 milhões de litros de petróleo por dia no Golfo do México; das Eleições majoritárias para presidente e governador e das proporcionais para senadores e deputados estaduais e federais, que decidirão os próximos quatro anos da vida dos brasileiros; do enriquecimento de urânio por parte do Irã e que ainda não chegou a um acordo com as Nações Unidas na questão nuclear; do Projeto Ficha Limpa que passará a valer a partir do pleito deste ano, de acordo com decisão do Tribunal Superior Eleitoral nesta semana; dos Diários Secretos da Assembleia Legislativa do Paraná e da ainda permanência da Mesa Diretora da Casa; da crise econômica de países europeus, principalmente a Grécia; entre tantos outros temas factuais que merecem a atenção pública.

Com a mídia regional o quadro não é tão preocupante, dado que a abrangência é menor e os interesses jornalísticos são diferentes, mais voltados às notícias locais. Porém, o exagero empregado em grandes grupos da comunicação (principalmente na TV aberta) deve ser algo a ser analisado. O jornalista e político Barbosa Lima Sobrinho, em seu livro O Problema da Imprensa (lançado em 1923 e reeditado em 1997 pela ComArte), cita Tobias Monteiro para afirmar que a pauta jornalística é feita a partir da necessidade do público: “Dizem que os povos têm o governo que merecem. Parodiemos: os povos têm a imprensa que merecem.” A influência midiática parece fazer efeito no povo brasileiro. Infelizmente é o que é visto há uma semana. Porque nos futebol somos os melhores. Já em outras áreas, bem... deixa a Copa passar e depois discutimos.


Crédito da imagem: http://andresonlima.blogspot.com/

terça-feira, 15 de junho de 2010

Doido

Entre a volúpia de chegar rapidinho, prefiro a certeza de estar a caminho. É isso no amor também.


Elias Andreato

terça-feira, 1 de junho de 2010

Onde estou?


E então as palavras fugiram de mim.. sinto que perdi minha essência, e até um pouco da minha alma. Como serei um ser sem palavras? Como contarei meus segredos para as estrelas? E como irei me declarar para o mar? Que amo em segredo desde sempre.. E se as palavras nunca mais voltarem para mim? E se minha alma se tornar muda.. morta.. triste.. E se o mundo precisar das minhas palavras? Céus! Como farei? Como conseguirei cantar minhas músicas favoritas? Como poderei passar sem dizer aos meus amigos quão eles são importantes para mim! Sinto que algo está preso na minha garganta.. serão as palavras? Todas elas querendo sair de uma só vez?! Com todos os significados.. e dores.. e amores.. Será que o mundo me calou? Será que as sombras que enfrentei durante toda a minha vida agora estão de volta? Será que vieram me perseguir? Não poderei aguentar isso! As vozes dentro de mim.. pulsam.. não consigo respirar.. estou caindo num buraco sem fim... alguém me estende a mão? Alguém me alcança? Preciso de proteção agora! Consegui gritar! Alguém me ouviu! Onde estou? Meu quarto? Consigo falar! Ainda bem.. foi tudo um sonho!

Texto do blog da Regi Romão: http://www.reromao.blogspot.com/

Rainy day in june / Dia chuvoso em junho



I need some sunshine on my face
To help me dry my eyes
I need a blue sky over here
So I can clear my mind
Maybe your soft breath on my back
To make me feel at ease
Anything more than what I've got
On this rainy day in June

It's a rainy day in June
The sky is grey and I am blue
Tryin' to make it without you
On this rainy day in June

Yesterday morning I woke up
On the wrong side of the bed
And on the right side laid a note
I knew what it said
Then the rain came, hasn't stopped
I don't know if it will
But I'll keep waiting with the hopeful heart
On this rainy day in June

It's a rainy day in June
The sky is grey and I am blue
Tryin' to make it without you
On this rainy day in June

The thunder rolls, the lightning flashes
Every thought began with you
I see your face in every clouded paths
On this rainy day in June

It's a rainy day in June
The sky is grey and I am blue
Tryin' to make it without you
On this rainy day in June


TRADUÇÃO



Eu preciso de alguns raios solares em minha face
Para me ajudar a secar as lagrimas dos meus olhos
Eu preciso de um ceu azul aqui em cima
Para que eu posso arrumar meus pensamentos
Talvez a sua respiração suave nas minhas costas
Para me fazer sentir à vontade
Nada mais do que eu tenho
Neste dia chuvoso em junho

É um dia chuvoso em junho
O ceu esta cinza e eu estou triste
Tente passar por isso sem você
Neste dia chuvoso em junho

Ontem de manha eu acordei
Do lado errado da cama
E do lado certo esta um bilhete
E eu sabia o que dizia
Então a chuva veio, e não mais parou
E não sei se ela vai
Mas eu continuo esperando com esperança no coração
Neste dia chuvoso em junho

É um dia chuvoso em junho
O ceu esta cinza e eu estou triste
Tente passar por isso sem você
Neste dia chuvoso em junho

O barulho dos trovões, o relampago
Todo pensamento começa com você
Eu vejo seu rosto em todos os caminhos nublado
Neste dia chuvoso em junho

É um dia chuvoso em junho
O ceu esta cinza e eu estou triste
Tente passar por isso sem você
Neste dia chuvoso em junho


(Alan Jackson)

Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=JrQjyoxeH4s

[É tudo o que sinto]

Inverno

É tudo o que sinto

Viver

É sucinto


(Paulo Leminski)