sábado, 27 de novembro de 2010

Financiamento é liberado para construção do Centro de Música

Na manhã deste sábado, 27, o governador do Paraná, Orlando Pessuti (PMDB), assinou a liberação de verba estadual para que seja construído o Centro de Música de Ponta Grossa. A assinatura aconteceu na Câmara Municipal e foi acompanhada pelo prefeito Pedro Wosgrau Filho (PSDB), o secretário estadual de Desenvolvimento Urbano e superintendente do ParanáCidade, Wilson Lipski, deputado estadual Péricles de Mello (PT), reitor da UEPG, João Carlos Gomes, presidente do Legislativo de Ponta Grossa, Alessandro Lozza (PSDB), secretário municipal de Planejamento, Ribamar Krüger, secretário municipal de Governo, João Barbiero, e outras autoridades.

O prédio será erguido no terreno das antigas Indústrias Wagner (próximo ao Muffato, região de Olarias), onde está em pé somente uma de suas chaminés, tombada pelo Conselho Municipal de Patrimônio Histórico (foto). O Centro de Música custará R$ 4,3 mi, por meio de financiamento do Governo Estadual. No mesmo local será construída ainda a nova Biblioteca Municipal, no valor de R$ 3,7 mi. Há um projeto de construção também da Pinacoteca de Ponta Grossa.

Segundo o maestro da Banda Lyra dos Campos, Juliano Amaral, o Centro “é um excelente projeto, porque Ponta Grossa é uma cidade musical, tem várias bandas, tem orquestra, tem banda militar e o Centro de Música vai agrupar tudo isso em um só local”. De acordo com ele, mesmo não sendo no centro da cidade, os grupos irão ganhar com o projeto. “É um local amplo que vai ter bastante condição de melhorar o nível dos músicos de Ponta Grossa e não é tão afastado do centro”, conclui Amaral.

Lyra dos Campos faz concerto
A Banda Lyra dos Campos faz uma apresentação especial no dia 15 de dezembro, às 20h, no auditório A do Cine-Teatro Ópera. Segundo o maestro Juliano Amaral, o concerto terá um repertório especial. “É um repertório bem eclético, trabalhado o ano inteiro pela Banda, que vai do erudito ao popular”, conta Amaral. A entrada será franca.

A Banda Escola Lyra dos Campos completou 58 anos de fundação no dia 22 de novembro. Começou com 24 componentes e sob regência de maestro Paulino Martins Alves, que hoje dá nome ao Conservatório Musical. Hoje conta com 50 alunos e um quadro de troféus invejável por bandas e fanfarras.


Texto: Eduardo Godoy

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Cobertura fotojornalística - Tércio Albuquerque

O secretário estadual de Trabalho, Emprego e Promoção Social do Paraná, Tércio Albuquerque, esteve em Ponta Grossa na manhã da quinta-feira, 25. Albuquerque comandou a primeira reunião descentralizada do Conselho do Trabalho do Paraná. Na visita à Agência do Trabalhador local, conheceu os serviços prestados aos trabalhadores da cidade, como uma sala montada para atendimento de INSS, outra para Qualificação do Trabalho e ainda o programa Lanche Saúde, que distribui sanduíche e suco aos trabalhadores que passam pela Agência. Ele concedeu ainda entrevista exclusiva à Fabíola Thibes, da Rádio CBN - Ponta Grossa.

Um dos principais motivos para a visita foi o anúncio da implementação do Banco Social em Ponta Grossa. No programa, é concedido empréstimo à chefes de família que queiram iniciar uma micro ou pequena empresa. "Os valores vão de R$ 300 a R$ 10 mil, que podem ser utilizados para compra de máquinas de costura, como exemplo", conta Albuquerque. Após o pagamento do empréstimo, a mulher empreendedora pode ser atendida pelo Banco de Fomento, chegando a R$ 300 mil.

Na parte da tarde, o secretário participou de uma reunião com o prefeito Pedro Wosgrau Filho, o presidente do Conselho Municipal do Trabalho, Luiz Gustavo Batista de Carvalho e o superintendente estadual do Trabalho e Emprego, Elias Martins, que representou o Ministro do Trabalho e Emprego. Foi assinada a resolução 299/2010, que trata das Normas Operacionais Básicas do Conselho Público do Trabalho. Foi conversado também sobre a transferência patrimonial (mobiliários, equipamentos, materiais, maquinários e um veículo) do Estado para o Município.

Confira as fotos da visita à Agência do Trabalhador:

























Texto:
Eduardo Godoy
Fotos: Eduardo Godoy

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Exposição mostra trabalhos de alunos de projeto social

Foi lançada hoje, 24, no Shopping Total, a exposição artística do Projeto Descobrindo Novos Talentos, da Unimed Ponta Grossa. Ao longo do último semestre, 60 alunos da Escola Municipal Professora Kazuko Inoue, em Uvaranas, tiveram atividades na área de artes com um artista plástico e uma assessora. A mostra tem o objetivo de expor as telas pintadas pelos participantes do programa como uma forma de reconhecimento pelo trabalho desenvolvido.

A parceria entre a Unimed Ponta Grossa e a Prefeitura Municipal já dura cinco anos, com quase mil alunos atendidos de diversas escolas municipais. A escolha dos estabelecimentos beneficiados é feita pelo Departamento de Educação do Executivo, levando em conta as escolas que têm mais necessidade de ações culturais, isolamento geográfico e que precisam de apoio privado na área artística. Já à empresa fica responsável pela contratação dos profissionais que ministram as aulas e organização do programa.

Segundo o chefe regional do setor de Responsabilidade Social da Unimed, Jorge Soistak, as atividades são feitas no contra-turno escolar. “A participação é aberta e os alunos não são obrigados a continuar, porém vemos que a adesão é grande”, conta Soistak, lembrando ainda que os estudantes que têm maiores dificuldades nas relações sociais e no desempenho escolar são convidados a participar. “Esse são, inclusive, os que têm mais aproveitamento no programa”, completa.

De acordo com Soistak, o projeto, rotativo, é desenvolvido a cada semestre e traz contribuições notáveis aos alunos atendidos. “É visível a melhora das notas e também na área organizacional e educacional dos alunos”, diz.

O lançamento da exposição contou ainda com apresentação natalina e entrega de medalhas para os alunos participantes. A mostra fica aberta à visitação no Shopping Total, no bairro Nova Rússia, nos mesmos horários de funcionamento das lojas.

Texto: Eduardo Godoy

Dez alunos são indicados para título 'Garota Entorta Foca'


A coordenação do bloco 'Entorta Foca', dos alunos e professores do curso de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) para a Münchenfest, divulga amanhã, 25, a lista com os dez indicados para o título 'Garota Entorta Foca 2010'. Fugindo da tradição do bloco, este ano são cotados dez integrantes, de todos os períodos, para receber a honraria. O nome, porém, será revelado somente minutos antes do desfile, na sexta-feira, 26.

“A escolha não será por votação direta. Os coordenadores classificaram esses dez concorrentes, mas a 'Garota Entorta Foca' já está escolhida”, conta André Luis Salustiano, um dos organizadores do bloco. Segundo ele, os candidatos, entre homens e mulheres, foram classificados pela presença constante nas festas do curso e pela animação. “A beleza é apenas mais um requisito, mas não é o ponto principal”, revela Salustiano.

Laís Ribeiro, Aline Pavezi e Elaine Javorski, professora do curso, já foram coroadas com o título nos anos anteriores, respectivamente. Chegando à 4ª edição, o bloco 'Entorta Foca' se despede da coordenação original, que conta com Salustiano, Josué Teixeira e Michael Ferreira, criadores do grupo, que passam a responsabilidade para outros membros em 2011. A transmissão de cargos será feita na concentração, antes do desfile.

Michael Ferreira conta que a organização do bloco está a todo vapor. “Estamos nos últimos preparativos para que tudo dê certo. Nosso último ano na coordenação não pode sair nada errado”, explica Michael, em tom descontraído. A vice-presidente da Associação Atlética de Jornalismo (AAJ), Milena Rezende, conta que a AAJ é uma das patrocinadoras do bloco. “Este é o primeiro ano que fazemos essa parceria. A Atlética espera que a sociedade prospere”, conta Milena.

Derek Kubaski, do 4º ano de Jornalismo, diz que participa desde o começo do 'Entorta Foca'. “O primeiro ano foi o melhor, foi o ano que reunimos toda a turma para o desfile pelo bloco”, lembra Kubaski. Para Afonso Verner, que participa pela primeira vez, o clima é de ansiedade. “Espero que seja mais uma festa do curso para ficar na história. A integração entre os alunos parece ser o ponto alto”, diz Verner. O desfile de abertura da München será na sexta-feira, 26, a partir das 19h30, na Avenida Vicente Machado. Logo após, os participantes se dirigem para o Centro de Eventos Cidade de Ponta Grossa, onde acontece a festa, que segue até o dia 4 de dezembro.

Texto: Eduardo Godoy

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Natal de Luz aumenta ritmo de ensaios para apresentações, que começam dia 11

Faltando menos de 20 dias para a abertura do Natal de Luz 2010, os ensaios se intensificaram nessa semana. Cerca de 110 crianças e adolescentes participam da apresentação deste ano, que começa no próximo dia 11, sábado, e prossegue nos dias 15 (quarta-feira), 17 (sexta-feira), 19 (domingo) e 23 (quinta-feira), sempre às 22h. Na reta final de preparativos, os cantores ensaiam de duas a três vezes por semana.

Segundo Marly Prado Papi Crespo, uma das organizadoras do evento, esses últimos dias são decisivos. “São nos últimos ensaios que fazemos ajustes em coreografias e vemos se o que planejamos no cronograma inicial dará realmente certo. Em alguns casos, só nos ensaios com os cantores que percebemos que algo deve ser mudado”, conta Marly.

Este cronograma costuma ter quatro ou cinco páginas, onde todos os passos do espetáculo estão descritos, como explica Neuzeli França Ribeiro César, também da organização. “Colocamos no roteiro tudo o que vai acontecer durante os 55 minutos de espetáculo, como adereços, figurinos, solistas e apresentações externas. Eles são disponibilizados em todos os pares de janelas, entradas de sacada, coordenadores e responsáveis técnicos”, descreve Neuzeli.

Para 2010, a organização promete mais uma vez um show de luzes e músicas. Espetáculos pirotécnicos devem encantar ao final das apresentações, assim como todo o aparato tecnológico empregado. As músicas devem seguir o tema deste ano – “Tradição, cultura e fé” – fazendo uma viagem pelas tradições culturais e religiosas do país. A novidade deste ano será um palco montado ao lado do prédio, aumentando assim a visibilidade das crianças que se apresentam também do lado de fora.

Em sua 9ª edição, o Natal de Luz é mais uma vez organizado pela Paróquia Santo Antônio de Pádua, Grupo de Canto Sementinha, Spaço Arte & Música e empresas parceiras. O público esperado para as cinco noites de apresentação é de 8 mil espectadores.

Texto: Eduardo Godoy

domingo, 14 de novembro de 2010

O Quadro das Maravilhas

Peça: O Quadro das Maravilhas
Autor: Jacques Prévert
Direção: Ângela Finardi
Grupo: Companhia de Teatro de Repertório da Univille
Cidade: Joinville - SC
Local: Calçadão
Data e horário: 09/11 – 10h
Duração: 55 minutos
Classificação: livre

A peça O Quadro das Maravilhas, apresentada pela Companhia de Teatro de Repertório da Univille, de Joinville (SC), acertou na interpretação, porém errou no formato. O que aconteceu não foi teatro de rua, e sim teatro na rua (o que é bem diferente). O espetáculo não foi feito para apresentação em pleno Calçadão, onde dezenas de pessoas passam a todo momento. Uma intervenção em um local totalmente público, com o palco e um camarim tomando conta do passeio mais movimentado da cidade. É preciso tomar cuidado ao intervir tão bruscamente assim em uma zona pública, local.

O “O Quadro...” teria acertado se fosse feito em um palco italiano, ou então em uma semi-arena, com o público centrando o olhar em um quadro mesmo (como acontece com as peças “tradicionais”). Os atores, bancados pela Univille, entretanto, demonstraram que sabiam o que iriam fazer. Tudo bem marcado, com as falas na ponta da língua e a interpretação bem ensaiada. Para o teatro de rua, repito, isso não é uma vantagem, já que é preciso lidar, muitas vezes, com a presença do público muito próximo e, eventualmente, com surpresas (como ocorreu na apresentação do dia anterior – Saltimbembe Mambembancos – que tiveram que lidar com um espectador um pouco alterado e o incorporaram à peça).
Destaque para a atriz Alessandra Passos (na foto, sentada), que deu vida, magistralmente, a um mendigo do século XVI, imaginado por Cervantes. Estrelinha dourada também para a diretora da trupe, Ângela Finardi, que consegue gerenciar os 14 atores como se fosse uma mãe (transpareceu isso no debate, após a peça). E aplausos para a Univille, que investe no teatro e mantém a Companhia, custeando todos os gastos que eles têm.

No geral, repito, a peça deveria ser apresentada em um palco italiano, com aparato de luz e um público que esteja lá com o intuito principal de ver o espetáculo. Seria melhor para os atores, amadores ainda, e para o público.

Nota: 8,0
Crítico: Eduardo Godoy
Foto: Eduardo Godoy/Lente Quente

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Pequenas coisas


Peça: Pequenas coisas
Autor: João Araújo e Verônica Gerchman
Direção: João Araújo
Grupo: Morpheus Teatro
Cidade: São Paulo – SP
Local: Cine-Teatro Ópera – auditório B
Data e horário: 08/11 – 22h
Duração: 55 minutos
Classificação: adultos e jovens

A arte de manipular bonecos é não manipulá-los, e sim deixar ser visto pelos olhos do objeto que se torna um ser. E foi assim que o Grupo Morpheus de Teatro, de São Paulo – SP, conseguiu sensibilizar a plateia, quase cheia, do auditório B do Cine-Teatro Ópera na noite de segunda-feira, 08. Cinco cenas, com cinco tipos de bonecos e dois criadores (contando ainda com a participação de mais um ator em uma das cenas). Misturado o riso ingênuo e a sensibilidade fina, foi a melhor peça de teatro de bonecos que já vi (e que, segundo a atriz Verônica Gerchman, concorre no quesito ‘sensibilidade’ com o espetáculo que a mesma trupe apresentará hoje, às 22h, no auditório B do Ópera – O princípio do espanto).

Os manipuladores conversavam indiretamente com seus bonecos e, aos olhos do público, via-se todos os sentimentos dos bonecos sendo transpassados para os manipuladores, em um jogo de troca emocional entre criador e criatura, surgindo um ser vivo no boneco. O ‘terceiro elemento’, como alguém disse no debate, após a peça.

E esse terceiro elemento é que estava em cena, no palco, sensibilizando a plateia. Lágrimas de choro com lágrimas de riso, se misturando no rosto do público. O maestro em seu último espetáculo, regendo a plateia. Um jovem e um velho, onde o primeiro precisa do abraço do outro, que é todo envergonhado. Um casal de velhos que vivem uma cena com uma comédia ingênua, com o senhor lembrando um tipo também ingênuo. Uma mãe preocupada que espera a filha, despreocupada, e sabe que ela irá atrasar, enquanto fica ensaiando como dizer que está muito doente. E, por fim, o fim. O fim da vida de um senhor, o pai da atriz, em um leito de hospital. A imaginação de sua alma se despedindo de seu corpo, enquanto a filha chora. E o choro não é ficção. É real. Assim como todo o espetáculo.

Nota: 9,5
Crítico: Eduardo Godoy
Foto: Eduardo Godoy/Lente Quente

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Saltimbembe Mambembancos

Peça: Saltimbembe Mambembancos
Autor: Grupo Rosa dos Ventos
Direção: Grupo Rosa dos Ventos
Grupo: Rosa dos Ventos
Cidade: Presidente Prudente – SP
Local: Calçadão
Data e horário: 08/11 – 10h
Duração: 60 minutos
Classificação: livre



O Grupo Rosa dos Ventos voltou às ruas nesta segunda-feira de muito sol para apresentar a peça Saltimbembe Mambembancos, concebida e dirigida pelos cinco integrantes da trupe. Mais uma vez, conseguiu atingir seu objetivo de fazer as pessoas que passavam pelo local rirem. E como riram!

Neste espetáculo, porém, o texto foi bem escasso, demonstrando que o circo era a peça fundamental para a diversão esperada. Diferente da tarde de ontem, 07/11, onde eles apresentaram A Farsa do Advogado Pathelin, no Parque Ambiental, o uso do escatológico para alcançar o riso foi bem menos empregado, deixando o público mais à vontade. O que era crítica negativa antes, parece que foi corrigida nesta concepção. Se foi por acaso, não sei. O que importa é que a ingenuidade do circo-teatro, do palhaço de rua, da alegria e improviso do artista foi colocada em um patamar acima, elevando a qualidade da peça.
E por falar em improviso, este espetáculo teve algo bem inusitado para uma peça de teatro, mas comum para o teatro de rua. Em certo momento, um senhor, aparentemente alcoolizado, começou a participar da peça, no picadeiro, sem convite. E os atores conseguiram, magistralmente, contornar toda a situação. Usaram o senhor (depois foi descoberto que ele fez teatro por 20 anos e, por causa do alcoolismo, foi deixando a vida dos palcos de lado) como elemento integrante do espetáculo. Estrelinha dourada para o grupo!

No mais, não sei o que falar de negativo da peça. Talvez os malabares e as acrobacias cansaram um pouco, às vezes. De novo, o som ao vivo me chamou a atenção. Além das músicas, que traziam uma referência às propagandas de produtos populares milagrosos, os efeitos sonoros em concordância com as ações foram componentes para o sucesso do espetáculo. Outro ponto positivo foi a interação com o público. Todos conseguiam ficar à vontade com as brincadeiras dos atores, de improviso. O Grupo Rosa dos Ventos, ao trazer elementos da cultura popular para a rua, consegue mostrar uma identificação com quem passava pelo Calçadão, que podia não ter assistido a peça desde o início, mas acompanhava normalmente qualquer momento, sem perder uma ligação textual contínua (presente nos teatros convencionais).


Nota: 9,0
Crítico: Eduardo Godoy
Foto: Thiago Terada/Lente Quente

Amargasalmas

Peça: Amargasalmas
Autor: Ribamar Ribeiro
Direção: Ribamar Ribeiro
Grupo: Os Ciclomáticos Companhia de Teatro
Cidade: Rio de Janeiro – RJ
Local: Cine-Teatro Ópera – auditório A
Data e horário: 07/11 – 20h30
Duração: 60 minutos
Classificação: 16 anos


A organização do Fenata pecou na noite do domingo ao não liberar a entrada do público antes das 20h20, formando um aglomerado de pessoas no hall do Ópera, com desconforto. A peça Amargasalmas só fui entender no debate. Mas, a partir do momento em que entendi, transformou-se em uma das melhores peças. Talvez não seja feita para um público com pouca formação teatral, ou déficit de atenção, sei lá. Digo isso do texto, porque a área técnica foi a melhor que já vi. A iluminação casando perfeitamente com a música cinematográfica (não que a utilização deste estilo musical seja positivo; no caso, causou até um descoforto por a música estar em diversos filmes - ficou 'pobre') deu um ar magistral ao espetáculo.

O texto, porém, ficou confuso às vezes. A poesia se destacou, em outras. O ritmo frenético do roteiro aumentou a importância da luz (e aqui coloco a sombra como parte integrante da luz) e do som. Frases marcantes no compasso apressado e a confusão das falas das personagens, falando juntas, foram pontos que me marcaram. Algumas cenas me atingiram como um tiro. Fantástica a sensação que senti durante a peça!

A cena da mãe parindo seu filho e o chamando de desgraçado, com o palco todo avermelhado e uma música forte foi uma das melhores que já vi. Duas personagens andando em volta atrapalhou um pouco, porém.

Um aspecto que me chamou a atenção a partir do cenário simples foi a situação do palco do Ópera. Parece ser preciso limpar o chão do placo ou pintá-lo novamente. Sobre o cenário, uma semiótica infundada, a meu ver, foi levantada no debate. A utilização de lãs coloridas penduradas não tem outra função senão “dar uma cor” para o cenário. Nada mais.

Voltando à peça, a interpretação deixou um pouco a desejar. Pelo ritmo constante, certas falas não foram compreendidas. Outras vezes, foi falado para o fundo do palco, o que fazia com que o público não escutasse (principalmente quem estava no fundo). Foi chocante ver a peça, principalmente por utilizar uma iluminação forte.

Nota: 8,0
Crítico: Eduardo Godoy
Foto: Marco Antonio Favero/Lente Quente

A Farsa do Advogado Pathelin

Peça: A Farsa do Advogado Pathelin
Autor: Anônimo
Direção: Roberto Rosa
Grupo: Rosa dos Ventos
Cidade: Presidente Prudente – SP
Local: Parque Ambiental
Data e horário: 07/11 – 17h
Duração: 65 minutos
Classificação: livre


Uma junção entre teatro, música e circo que resultou em uma excelente peça. Tirando o riso a partir do escatológico, o que não gosto em nenhuma peça, o espetáculo cumpriu com sua função: divertir em uma tarde de domingo, no parque. Foi bonito ver as famílias no Parque Ambiental (sem árvores, como frisou um dos personagens durante a peça, arrancando os risos mais importantes de todo o espetáculo!) conversando, rindo, comendo, se divertindo. O local não poderia ser mais apropriado, ainda mais aproveitando as lonas do Parque. Enquanto aconteciam dezenas de coisas em volta, embaixo de uma lona uma trupe se apresentava. Talvez seja a peça mais importante e funcional de todo o 38º Fenata.

Seguindo pela parte técnica, algumas falhas nos microfones chegaram a incomodar o público. O que foi compensado pelas adaptações engraçadas no texto, o ritmo circense durante a apresentação e a sonoplastia/música feita ao vivo por apenas uma pessoa. A inconstância no ritmo do texto às vezes parecia que iria acabar com o espetáculo; no entanto, sempre tinha algum fator que levantava a peça e fazia que o público não desejasse sair dali.

Reitero a desnecessária utilização de aspectos escatológicos para provocar o riso. Porém, parabenizo os atores, que prenderam o público embaixo da lona com suas espertezas circenses e teatrais. E também o músico, que soube utilizar os efeitos sonoros magistralmente. E a organização do Festival, que colocou a peça no melhor lugar e no melhor horário possível.


Nota: 8,5
Crítico: Eduardo Godoy
Foto: Marco Antonio Favero/Lente Quente - http://www.flickr.com/photos/lentequente/5156472660/

sábado, 6 de novembro de 2010

Medida por medida

Peça: Medida por medida
Autor: Willian Shakespeare
Tradução e adaptação: Fábio B. Torres
Direção: Val Pires
Grupo: Folias
Cidade: São Paulo – SP
Local: Cine-Teatro Ópera – auditório A
Data e horário: 05/11 – 20h30
Duração: 100 minutos
Classificação: 16 anos


O texto de Shakespeare encenado pelo Grupo Folias na noite desta sexta-feira teve pontos extremamente bons e outros que atrapalharam bastante o público. Comecemos pela parte ruim. A interpretação exageradamente técnica de alguns atores deixou transparecer a tensão sentida por eles ao se apresentarem para cerca de 700 pessoas. Como revelado no debate após a peça, é a primeira vez que a trupe se apresenta para tanta gente, em um palco italiano. Percebia-se, de perto, que a marcação era cumprida ‘à risca’, com passos e trejeitos ensaiados, mostrando que alguns atores não estavam muito à vontade na interpretação. Um ator não conseguiu impor a voz a certo ponto que nem este crítico, que estava na segunda fileira da plateia (local péssimo, diga-se de passagem), conseguiu ouvir.

Vamos passar para a parte positiva, pois. A interpretação da personagem Mariana (não tenho certeza do nome), a grávida que era também, mais pra frente, uma empregada doméstica, foi de se aplaudir em pé. É um forte concorrente para o título de melhor atriz coadjuvante. A transformação da personagem principal também foi bem interpretada pela sua atriz. O uso de dois andares no cenário também chamou a atenção. Foi interessante ver uma família, que poderia ser interpretada como que se estivesse embaixo de uma ponte, apreciando pela TV o dramalhão que acontecia no andar de cima. Um retrato bem feito sobre a diferenciação das classes sociais.

Mas o que mais marcou foi o figurino. Mais precisamente os calçados: All Star’s. Foi uma jogada espetacular a junção de roupas “clássicas” com os tênis contemporâneos (foi mais forte no século passado, sim; porém, vejo sua utilização hoje ainda marcada por um certo ar de revolução, diferenciação). Ponto para o figurinista!

Nota: 8,0
Crítico: Eduardo Godoy
Foto: Luana Stadler/Lente Quente - http://www.flickr.com/photos/lentequente/5151267540/

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

O Beco

Peça: O Beco
Autor: Jorge Henrique Lopes
Direção: Sandro Maranho
Grupo: Cia Fantolkid’s Teatro de Bonecos
Cidade: Maringá – PR
Local: Cine-Teatro Ópera – auditório B
Data e horário: 04/11 - 22h30
Duração: 50 minutos
Classificação: adultos e jovens a partir de 12 anos

Saindo do auditório A e descendo para o auditório B, quem foi conferir a primeira apresentação da categoria Bonecos/Animação – Adulto viu uma peça que deveria ter sido colocada na categoria Bonecos/Animação – Crianças. Com falas explicativas por demais, os dois bonecos personagens (muito bem construídos, diga-se de passagem) brincavam com assuntos direcionados ao público infantil. A emoção e a diversão prometidas na sinopse do Guia de Programação deixaram a desejar. Até o modo e o tom de voz empregados não estavam de acordo com o público da categoria.

Porém, alguns pontos devem ser destacados. O cenário feito com lixo, a utilização apropriada da iluminação (mesmo parecendo ter sido feita de improviso, às vezes) e a construção dos bonecos chamaram a atenção.

Por ser uma família (Maranho) que faz tudo no espetáculo (mãe e filha e pai e filho trabalham em conjunto para os movimentos dos bonecos, enquanto outros cuidam da parte técnica) faz com que haja uma boa conexão. Entretanto, como já disse, a peça deixou a desejar.

Nota: 7,0
Crítico: Eduardo Godoy

O Avarento

Peça: O Avarento
Autor: O Grupo, a partir da obra de Molière
Direção: Gilberto Fonseca
Grupo: Farsa
Cidade: Porto Alegre – RS
Local: Cine-Teatro Ópera – auditório A
Data e horário: 04/11 - 20h30
Duração: 95 minutos
Classificação: livre



O Avarento, peça de estreia do 38º Festival Nacional do Teatro (Fenata), de Ponta Grossa, foi marcada pelo riso constante. Eram raros os momentos em que o público não ria com os gracejos dos personagens. Estrelinhas douradas para as atuações do pai avarento e do mordomo/copeiro/cozinheiro. As músicas cantadas pelos próprios atores, que lembravam um musical, serviram mais para o riso do que para completar algo. Não que isso seja um ponto negativo.

Quem estava no final do Cine-Teatro Ópera conseguiu escutar claramente o que os atores falavam, demonstrando um conforto da trupe com locais de apresentação grandes. Outro ponto positivo para o figurino, operacional e bem descritivo. Mais uma vez, o figurino do pai avarento e do mordomo/ copeiro/ cozinheiro chamou a atenção.


Entretanto, dois aspectos não foram bem utilizados. Parecem que esqueceram que a iluminação é questão fundamental para uma peça de teatro. A luz branca predominante, sem mudanças, deu um ar de teatro (no sentido de local) pequeno, sem aparatos técnicos. O que não é característica do Ópera. Outro ponto é o cenário. O tapete ao centro foi uma boa escolha. Porém, dois totens pretos (sei lá o que eram, na verdade) não tiveram utilidade alguma. E uma espécie de biombo colorido ao centro, para os atores se trocarem durante o espetáculo, não foi bem aproveitado.
Volto a frisar, no entanto, a atuação do pai avarento. Um dos candidatos ao prêmio de melhor ator.


Nota: 8,5
Crítico: Eduardo Godoy
Foto: Afonso Verner/Lente Quente - http://www.flickr.com/photos/lentequente/5148695268/

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Fenata expõe dificuldades do campo teatral em Ponta Grossa



Durante oito dias, o 38º Festival Nacional de Teatro (Fenata) deve movimentar a cena cultural ponta-grossense. Entretanto, essa agitação não se repete durante o resto do ano. Segundo a chefe do Departamento de Comunicação Social da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Karina Janz Woitowicz, há um contra-senso na produção teatral da cidade. “Ponta Grossa se consolidou no teatro, mas isso não reflete na realização de peças ao longo do ano”, conta Karina.


De acordo com Woitowicz, são poucas as companhias de teatro em Ponta Grossa, “e estas ainda não conseguem se apresentar no Fenata, gerando uma reclamação por parte dos atores e produtores da cidade”. Para Karina, a junção entre peças profissionais e amadoras, entretanto, é um ponto positivo do festival, que surgiu em 1973. “O Fenata veio com a cultura dos festivais, assim como em Maringá, que se consolidou como a 'cidade da música'”, diz a chefe do Departamento.


Jean Marcel Ferreira, que mora em Ponta Grossa desde o começo de 2010, conta que em Foz do Iguaçu, sua cidade-natal, não há festivais do gênero. “A gente não vê festivais como o Fenata na Unioeste, por exemplo. Aqui, percebemos que a UEPG tem essa preocupação cultural”, revela Jean. Segundo ele, é um incentivo para formar espectadores na cidade, “já que a despolarização, com peças saindo do eixo Rio-São Paulo e chegando a outros locais, aumenta o interesse das pessoas”.


Na 38ª edição do Fenata, serão 25 peças de 22 grupos teatrais, provenientes de seis estados brasileiros. Entre os dias 4 a 11 de novembro, o festival deve reunir mais de 20 mil pessoas no dois auditórios do Cine Teatro Ópera, Teatro Marista, Calçadão da Coronel Cláudio e Parque Ambiental. João Vinícius Bubek, assistente administrativo da Fundação de Apoio à UEPG (FAUEPG), acredita que este ano será ainda mais movimentado que 2009. “Nesta edição teremos peças em Palmeira e Carambeí também, o que aumenta a visibilidade e o público do festival”, conta Bubek.


“É um evento democrático, já que muitas peças são gratuitas e as outras têm um preço acessível”, afirma Kevin Kossar, estudante de Jornalismo da UEPG. Para seu colega de curso, Gildo Antônio Vicente, deveria haver mais espetáculos que não sejam de humor. “Em 2009 teve várias peças do gênero cômico. Seria interessante para o público que a organização primasse também por outros estilos, outra linha”, sugere Vicente. O Fenata começa nesta quinta-feira, 4, com a peça O Avarento, do Grupo Farsa, de Porto Alegre. A abertura será no Cine Teatro Ópera, a partir das 20h. Outras informações no www.uepgcultura.com.br/fenata


Texto: Eduardo Godoy