sábado, 26 de fevereiro de 2011

O novo como acréscimo

A febre dos e-books - digitalização de livros – traz à tona uma questão que é levantada sempre que uma nova mídia surge no mercado: o novo substituirá a forma tradicional? Foi o que aconteceu com a ameaça do cinema no rádio, da televisão no cinema, da internet nas outras plataformas e, agora, é a vez do livro virtual para o impresso. Todavia, essa discussão só é válida a partir do momento em que a qualidade e o índice de leitura se alteram.

O consumo de livros vendidos em “sebos” se mantém constante, com a procura principalmente por pessoas já inseridas no hábito de ler. O movimento nas bibliotecas públicas, porém, diminui a cada dia. Mas não é possível afirmar que o número de leitores tenha decaído ou migrado para outra plataforma, devido ao melhoramento das bibliotecas escolares por parte dos governos (tanto em nível nacional quanto estadual). Já os e-books têm atingido cada vez mais leitores, talvez uma das causas da crise editorial.

Portanto, não é possível afirmar com relutância que a forma digital dos livros acabará com seu formato impresso, assim como não ocorreu até hoje com os jornais, mesmo com sua digitalização e constante discussão sobre seu fim. Como não aconteceu também no mercado fonográfico que, mesmo com a substituição do vinil para a fita, desta para o CD e para o formato MP3, onde o “bolachão” é hoje um formato cult de se ouvir música. Falar em redução do número de vendas de livros impressos é plausível, entretanto tentar decretar seu fenecimento é se antecipar e dar um passo em falso, descartando inúmeros exemplos de convivência de múltiplos formatos midiáticos e plataformas. Resta agora ver se a forma digital conseguirá atrair mais leitores e leituras de qualidade informativa e formativa. E isto está a cargo dos jovens, a nova geração on-line.


Texto: Eduardo Godoy

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