sábado, 1 de maio de 2010

Um mundo novo

Primeiro ato
Há 120 dias começava mais um novo ano. 2010 prometia ser bem diferente. Mas nem tanto como está sendo. Eu continuaria a trabalhar na Tribuna Platinense, tinha projetos de trabalhar em rádio, de uma Agência de Jornalismo, de continuar fazendo free lance. Iria cursar Jornalismo na Fanorpi e continuaria a morar com meus pais, na minha cidade, com as minhas pessoas a minha volta. Eis que numa jogada esperta do destino tudo vira de cabeça pra baixo. Numa manhã de sexta-feira tranquila, jornal entregue, programando o final de semana com amigos em Carlópolis, descubro que não mais poderei estudar na Fanorpi.


Segundo ato
A decisão é imediata: vou para Ponta Grossa. Não tinha outra alternativa. Mas a matrícula é na segunda-feira de manhã e não tenho nenhum dos documentos exigidos. E agora? Vamos correr! No final, depois de inúmeras dificuldades (xerox quebradoS, cartório cheio, histórico errado, secretária de férias etc) conseguimos tudo. Mas nem eu, nem meu pai, nem minha mãe nunca fomos a Ponta Grossa, não conhecemos nada lá. Google Maps e fé em Deus!!! Mais uma vez, tudo certo. Mas não tenho lugar pra morar em Ponta Grossa. Vamos passar o dia todo andando (completamente perdidos) pela cidade pra achar uma casa/kitinete/apartamento. E, para finalizar, tudo certo.


Terceiro ato
Agora é se despedir das pessoas, aproveitar os últimos dias na Cidade Joia, preparar a mudança e ir. Ir conhecer novas pessoas, novos modos de ver o mundo, nova cidade, nova forma de viver. Tudo começaria novamente. Só que agora sem a proteção das duas pessoas mais importantes na minha vida: meus pais. Mais de 17 anos com eles ali ao meu lado todos os dias, aconselhando, protegendo, brigando, amando! E agora? Como vai ser? O que vou encontrar? E se não der certo? Será que vou conseguir? É triste ter que dar tchau pra tanta gente, ver meus avós chorarem, acompanhar todos os traços da sua cidade a cada quarteirão em direção à rodovia que te leva pra outro mundo. Tentei ver e ouvir tudo com mais atenção e guardar dentro de mim pra poder me lembrar quando estiver longe. Meu quarto, minha casa, a vila, a Igreja Matriz, a praça, o Centro, o Calçadão novo e feio, a lembrança do Calçadão bossa-nova, a casa antiga dos meus avós, o Morro do Bim e o Cristo lá em cima, as casas, as lojas, a placa da entrada da cidade. E chega a estrada. Longa e triste estrada. A sensação de solidão já chegou, mesmo ainda acompanhado dos meus pais. As lágrimas chegam também, mas não caem. Não podem cair ali, do lado dos meus herois. Silêncio.


Quarto ato
Chegamos na nova cidade velha. Tirar todas as coisas do carro dá trabalho. E arrumar tudo em casa então? Nem me fale! Tento deixar tudo meio prático, mas organizado. "Meu jeito" está presente na arrumação. Pronto, acho que terminamos né. Chegou a hora? Mas já? Fiquem mais um pouco, tá cedo ainda! Não dá? Está bem, entendo. Tchau. Cuida da mãe. Cuida do pai. Vou ficar bem. Obrigado por tudo. Amo vocês!


Quinto ato
Quanta gente nova!!! Ponta Grossa, Curitiba, Foz do Iguaçu, Mafra, Telêmaco Borba, Cascavel, Castro, São Paulo, Ibaiti, Lapa, Caçador, Apucarana, Irati, Ivaí... Que animação! "Jornalismo é tudo. E tudo ao mesmo tempo é nada". Ahn?! Na primeira aula já começamos bem. O professor já assustando a muitos com suas teses do que é e do que não é jornalismo. Apresentação, o que viríamos no curso, recomendações, instruções sobre a Universidade etc. O difícil no início é saber com quem conversar, onde ir, o que fazer. E aí vem o trote. De manhã na sala, com apresentação e um mico básico. À tarde, no bar. Sem comentários. Próximooo...


Sexto ato
E os dias passam. E a gente conhece as pessoas. E a cidade vai parecendo menos complicada. Mas eu percebo que tem que limpar a casa, a roupa não vai ser lavada por ninguém, o lixo não vai lá fora sozinho, a louça não se lava automaticamente. Acho que a vida começou! Agora tudo depende de mim (a não ser quando minha mãe tem que depositar dinheiro no banco né). Já achei meu grupo, meus novos amigos. E como são legais! Passo o dia rindo com eles, me divertindo. Nas aulas, nos intervalos, no R.U., no MSN, nas horas vagas... Pelo jeito esses quatro anos serão inesquecíveis. E o Jornalismo me fascina a cada dia. Visita à RPC, aulas sensacionais de foto (as práticas, claro!), Escola de Governo, Episódio Zeca. Até os inúmero textos me encantam (exceto os de Teorias da Comunicação e Sociologia da Comunicação). E as aulas? Debates acalorados, conhecimentos inesperados, episódios engraçados, olhos amarrados, professores aloprados alunos amontoados, todos rimados (há!). A diversidade mostra sua face e surgem as fofocas, os preconceitos, os pré conceitos, as "discussões". E a vida acadêmica fora de casa segue, um dia após o outro prometendo ser inesquecível, porém as dificuldades que apareceram desde o início não vão acabar. Já voltei algumas vezes pra casa e vi que o cotidiano da minha amada cidadezinha do interior continua, mas parece não ser a mesma de dois meses atrás. Agora faço turismo lá, visito meus pais, meus amigos, hospedo na casa que vivi por 17 anos. Escrevendo agora sinto uma saudade imensa de SAP. Mas, como disse o Jean em seu blog, se volto pra minha cidade, "ao esconder da segunda lua provavelmente estarei louco de saudades da minha liberdade pontagrossense".

Sétimo ato
?????

Um comentário:

eu disse...

Eu me identifiquei MUITO (muito mesmo, porque será né? husauhs) lendo o seu blog, está show! Parabéns!!! Abraços!!!