segunda-feira, 26 de abril de 2010

Páginas da Revolução (Sostiene Pereira?!)



Título: Páginas da revolução (Sostiene Pereira)
Ano: 1996
Diretor: Roberto Faenza
Produção: Portugal; França; Itália
Gênero: Drama
Duração: 104 minutos / cor
Tema: O Salazarismo e a influência da censura na mídia
Elenco: Marcello Mastroianni, Joaquim de Almeida, Daniel Auteuil, Stefano Dionisi, Nicolatta Braschi, Marthe Keller, Teresa Madruga, Nicolau Breyner, Filipe Ferrer, João Grosso



O filme Páginas da Revolução se passa na Lisboa dos anos 30, época de grande movimentação devido à Guerra Civil Espanhola e a ditadura de Salazar. O personagem principal, Pereira, é um senhor solitário, editor de cultura de um jornal. Ele conversa diariamente com o retrato de sua esposa, já morta, e convive com uma zeladora delatora em seu prédio.
Com o intuito de preparar necrológios antecipados de escritores famosos, Pereira contata-se com Monteiro Rossi, um jovem escritor de quem lera uma crônica sobre a morte. Eles marcam um encontro em um baile popular tipicamente fascista, com crianças uniformizadas militarmente e discursos acalorados. Rossi leva também sua namorada Marta, que é totalmente contra a ditadura de Salazar. O casal mostra bem a juventude contra-revolucionária, idealista e empolgada. O primeiro texto que Rossi entrega, porém, é altamente contra-revolucionário, e Pereira afirma que a censura não aceitaria a publicação. Entretanto pagá-o normalmente e concede adiantamentos para seu novo contratado.

O editor conhece Dr. Cardoso em uma clínica de emagrecimento. Este lhe fala sobre sua teoria de congregação das almas e sobre o “eu dominante”. O médico diz que o “eu dominante” de Pereira é o conservador, mas que outro “eu” pode estar surgindo e assumir a posição do “eu dominante” e isto vai alterar a forma de agir de Pereira. Esta mudança é percebida quando ele toma a decisão de ajudar a um fugitivo político amigo de Rossi e Marta a escapar da prisão. No começo da trama, Pereira mostra-se acanhado politicamente, sem reação. Ao longo do filme ele vai mudando, voltando sua visão para contra a ditadura Salazarista, e assume um ar jovial e idealista, influenciado pelo novo amigo escritor de necrológios.

No final, Pereira publica um artigo contra-revolucionário no jornal, enganando o responsável pela gráfica. Dr. Cardoso o ajuda, fazendo-se passar pelo censor que autoriza a publicação. Após isso, o editor aparentemente foge da possível represália que sofreria.

Um personagem importante é o barista Manuel, amigo de Pereira que o mantém informado dos fatos que ocorrem nas ruas de Lisboa e que a censura não permite a publicação. Vê-se aí a figura de um editor de um jornal que tem menos informações noticiosas do que um barman, já que o próprio jornalista não entra em contato com essa realidade em seus meios de comunicação fortemente censurados. Outro ponto a ser destacado é a importância que Rossi dá às coisas “escritas com o coração”. Pereira diz que no meio jornalístico isso não é o fundamental, porém ao longo do filme essa visão sofre mudanças.

A obra nos dá uma boa noção sobre como a censura age no jornalismo e nos jornalistas, alienando-os e colocando-os na posição que o poder maior (o governo vigente) exige. Porém, nos mostra como a liberdade de expressão é de suma importância para o alcance da informação e da formação opinativa da sociedade. A coragem do personagem principal do filme é algo em que os jornalistas devem se espelhar para a construção do jornalismo livre.

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