quinta-feira, 8 de abril de 2010

Liberdade de expressão sim; ofensas não!

Programa RP2, da TV Vila Velha, é apresentado pelo "repórter-policial" Zeca. (Reprodução)



Um caso lamentável chocou os jornalistas (formados!), estudantes de Jornalismo e a sociedade brasileira esta semana. O apresentador do programa policial RP2, da TV Vila Velha de Ponta Grossa - PR, ameaçou e ofendeu moralmente um aluno e sua família ao vivo em seu programa devido a um artigo escrito no blog Crítica de Ponta, atualizado pelos alunos do 2º ano de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) com críticas sobre a mídia regional e nacional para uma disciplina do curso. No artigo, com o título “Um exemplo a NÃO ser seguido”, o estudante escreve, principalmente, que o programa usa do sensacionalismo para chocar os telespectadores e conseguir aumentar seu índice de audiência. Porém, o texto é escrito sem agredir ao público do programa ou aos seus produtores. Entretanto, o apresentador e “repórter-policial” Zeca, viu essa crítica como pessoal. Aí vieram os xingamentos, as ameaças e as ofensas, não só ao aluno, mas também à sua família, ao curso, à classe e à Universidade.

O foco principal agora não é se o apresentador ou o estudante tem razão, ou o tipo de “jornalismo” que o RP2 faz. O que deve ser discutido é a liberdade de expressão. Não se pode mais opinar sobre algo que te chame a atenção? Uma crítica não é sinônima de ofensa. O que o estudante fez não foi insultar alguém, e sim dizer o que ele pensa sobre a forma como o programa é produzido e levado às casas dos assinantes desse canal de TV. O apresentador tem todo o direito de criticar a crítica, mas da mesma forma feita pelo aluno: civilizadamente. A liberdade de expressão é o suporte vital para a democracia, e deve ser feita com respeito. Como exigir que a soberania popular exista na sociedade se quem a faz não pode sequer apreciar sobre um simples programa televisivo ou se ofende com a opinião alheia, atacando o crítico? Se todos seguissem esse exemplo, a sociedade viraria um verdadeiro campo de batalhas, com afrontas de todos os lados. Seriam todos contra todos.

A censura é erguida com atos como o desse caso, pois dão respaldo ao fechamento do debate e sua repreensão. Ela suprime ações da comunicação de tal forma que o pensamento é monopolizado, não aceitando qualquer outra opinião.

O verdadeiro jornalista não censura! Ele sabe que a diversidade de ideias e ideais é que faz com que o coletivo evolua. Porém, isso dificilmente é aprendido fora de uma universidade, pois não é difundido na sociedade como deveria ser. São esses “jornalistas” que Vossas Excelências ministros do Supremo Tribunal Federal queriam?

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