segunda-feira, 28 de junho de 2010

Reticências



Você já parou para pensar quantas coisas estão acontecendo nesse momento em que lê isso? Uma criança está nascendo, uma pessoa está morrendo, alguém acabou de ser atropelado, um casal está transando, crianças estão estudando, um filme está sendo gravado, um patrão está demitindo, o jornal está sendo impresso, em algum lugar está chovendo, em outro fazendo muito sol, outro ainda a lua cheia toma conta da noite, um tiro foi disparado neste momento, o lápis quebrou, uma flor murchou, caiu um copo, alguém experimentou um prato novo, amigos se reencontraram, uma foto foi tirada, um carro bateu numa árvore, a luz queimou, uma árvore foi derrubada, alguém está escrevendo em um blog, outro alguém está lendo.

Infinitas coisas acontecem a todo o momento. Já dizia, corretíssimo, o mestre Cazuza: "O tempo não para". Parafraseando, o mundo não para. O silêncio que toma conta da noite lá fora é infinito. Agora aqui, daqui a pouco ali, depois lá e de volta aqui. Assim é também com nosso dia, consequentemente. Nada para. Mais um mistério da vida, que não admite um pause ou que fique no modo stand by.

O relógio continua girando, sem parar. E o mundo vai se transformando. Esta mutação constante é resultado da insatisfação humana, da necessidade de ação, da busca pelo ideal e da felicidade (e sem entrar na questão do processo capitalista para não gerar mais discussão, que não é a função deste texto). E a felicidade nunca vai chegar completamente. Não sou pessimista não! Você já viu alguém parar na vida porque encontrou a felicidade total? Certamente a resposta é não. Vivemos buscando sempre algo novo que achamos que satisfará nossa necessidade. Quando conseguimos, dizemos que estamos felizes, porém sempre falta algo ou aquela sensação passa rápido. E lá vamos nós de novo... Isso se repete inúmeras vezes ao longo de nossa vida biológica, impreterivelmente.

É isso que faz a roda-gigante da vida girar. E é bom! Assim não desanimamos (na maioria das vezes, claro) e estamos sempre na práxis. O relógio não parou. Aliás, quanta coisa aconteceu nesses minutos que você parou para ler?


Crédito da foto: disponível em http://maribraga.wordpress.com

Um comentário:

Afonso Verner disse...

Belo texto! Tema onipresente mas poucos escrevem sobre isso, ainda mais tão bem deste jeito!
E está mais fácil de compreender que o meu! rsrs
Parabéns Eduardo!